Fisicamente, tenho que dizer que nao estou na minha melhor condicao. Desde ondem tenho sentindo muita dor de cabeca, mas nao e’ igual ‘a dor da enxaqueca. Parece mais com uma gripe. Alem disso, tenho sentido dor no estomago e ontem tive febre ‘a noite. Hoje acordei ainda com dores, e estava disposta a passar a manha na cama. Mas ai’ venho um convite, e decidi nao recusar.
Hebrom, um dos missionarios daqui, me chamou para participar com ele de um trabalho voluntario que ele desenvolve semanalmente. Topei ir mesmo sem saber pra onde era. So’ depois descobri que se tratava de um orfanato! Foi ai’ que fiquei ainda mais animada e esqueci as dores!
Por volta do meio dia chegamos ao orfanato Springs of Hope. Ao entrarmos, Hebrom perguntou se eu gostava de bebes, e eu respondi que adorava, claro. Tirei os sapatos, entrei no salao e comecei a trabalhar. A responsavel pelas criancas me entregou uma mamadeira, um babador e pediu que eu escolhesse um bebe para alimentar. Peguei o primeiro da fila, uma menininha linda, que devia ter uns 8 meses.
Terminei de dar a mamadeira a ela e disse que estava pronta pra mais trabalho. A responsavel, entao, perguntou se eu sabia trocar fraldas. Disse que sim, e lembrei dos 2 meses que passei com minha sobrinha Sofia, assim que ela nasceu. Mas a realidade ali era bem diferente. Pra comecar, as fraldas eram de pano, e eu nunca as tinha usado. Alem disso, nao havia trocador, nem lencos umedecidos, nem pomadinhas e talquinhos cheirosos.
O trabalho era simplesmente tirar a fralda suja e colocar outra. Toquei o tecido e vi o quanto era grosso e parecia desconfortavel para as criancas. Me senti mal por elas, principalmente quando percebi que muitas estavam com a pele um pouco ferida. Troquei tres criancas, e, como a ultima nao parava de chorar, a segurei no meu colo por um tempo, esperando que ela dormisse.
Enquanto cuidava das criancas, comecei a pensar que muitas pessoas que conheco e foram adotadas hoje tem uma vida maravilhosa, com tudo do que precisam. Fiquei triste ao pensar que muitas familias quenianas nao tem dinheiro sequer pra criar os filhos que geram, muito menos adotar outros! Meu coracao doeu de pensar que a maioria daquelas criancas vai crescer sem saber o que e’ um pai ou uma mae, o que e’ viver numa familia.
Sai do orfanato com vontade de chorar, orando pra que Deus mude o destino das criancas que conheci. Na maioria dos casos, eles crescem em extrema pobreza, tornam-se adultos, geram filhos, e, como nao podem cria-los, tambem os entregam para adocao. E’ um ciclo vicioso, uma realidade dificil que se repete. E o pior: no Quenia, os orfanatos sao privados. Nao ha’ nenhum incentivo ou beneficio da parte do governo. Fiquei admirada com o amor que move as pessoas a investirem o que tem na tentativa de dar a criancas abandonadas um futuro melhor.
Jesus nos disse que ninguem que nao for como crianca entrara’ no Reino dos Ceus. Hoje, ao receber olhares cheios de pureza e ver aquelas maozinhas segurando firme meus dedos, consegui entender melhor por que. Assim como as criancas se entregam completamente, dependendo de nosso cuidado e carinho, tambem devemos nos colocar diante de Deus com coracoes puros e prontos a receber a protecao que Ele tem pra nos dar.
A verdade, e’ que, mesmo quando crescemos, ainda assim precisamos do nosso Pai celestial. Ainda que nossa familia falhe, ou que vivamos uma realidade diferente do que desejamos, Deus nao deixa ninguem orfao. Seu desejo e’ estender seu cuidado a todos quantos, de coracao sincero, o recebem como Senhor de suas vidas.
"Em verdade vos digo que, se nao vos converterdes e nao vos fizerdes como criancas,
de modo algum entrareis no Reino dos Ceus."
Mateus 18:3
de modo algum entrareis no Reino dos Ceus."
Mateus 18:3